ALGARAVIA – DISCURSOS DA NAÇÃO

05/07/2016 15:41

260 páginas –  2ª edição – 2010

 

Segunda edição do livro que foi defendido como tese de concurso para a titularidade em Literatura Brasileira, na Universidade Federal de Santa Catarina, Algaravia – discursos de nação, como diz o autor, é um ensaio de anacronismo deliberado, pois não busca a nação como forma, mas a nação como processo de metamorfose.

O lado filólogo de Raúl Antelo transparece na paciente transcrição de uma obra fundacional da literatura brasileira, Jerônimo Barbalho Bezerra, o primeiro romance histórico publicado no país, do português Vicente P. de Carvalho Guimarães, autor, também, de A guerra dos emboabas, e que saiu nas páginas do jornal Ostensor Brasileiro (editado pelo próprio Carvalho de Guimarães), entre 1842 e 1845.

No Ostensor Brasileiro, Antelo recolheu, também, escritos de argentinos ilustres que visitaram o então nascente império brasileiro: o diplomata, naturalista e crítico Juan Bautista Alberdi (810-1884), o jornalista, escritor e político (futuro presidente) Domingos Faustino Sarmiento (1811-1888) e o poeta, jornalista e diplomata José Mármol (1817-1871).

Alberdi, que publicou em 1845 no Ostensor Brasileiro, uma Memória sobre a conveniência e objetos de um Congresso Geral Americano, escreveu no jornal que a “América é una e indivisível nos elementos sociais que a formam, nos males que a afligem e nos meios que podem salvá-la; para tanto, ela precisa fugir da solidão e povoar nosso mundo solitário”.

Antelo, que chama Algaravia de seu aleph, experiência da qual derivam empreendimentos posteriores, como Maria com Marcel. Duchamp nos trópicos (Editora UFMG, 2010) ou Ausências (Editora da Casa, 2009), diz que o livro pensou a nação e pensou o populismo em que nada disto estava na moda. “Escrito sob Collor, Menem, Fugimori e FHC, é republicado, porém, em épocas de Lula, Chavez ou Kirchner”.