Livro lançado pela Editora da UFSC destaca protagonismo de Henrique da Silva Fontes na fundação da Universidade

02/12/2016 19:36

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O livro Henrique da Silva Fontes – Pensamentos, palavras e obras, organizado pelos professores Armen Mamigonian e Marli Auras, foi lançado nesta quarta-feira, 30 de novembro, na Livraria da Editora da UFSC, no Centro de Cultura e Eventos.

A obra é uma reedição de dois cadernos publicados há mais de meio século pelo próprio Henrique da Silva Fontes (1885-1966): Pensamentos, palavras e obras – Primeiro Caderno: da Faculdade e Filosofia(1960) e Pensamentos, palavras e obras – Segundo Caderno: Da Cidade Universitária (1962).

A diretora da Editora, Gleisy Regina Bóries Fachin, cumprimentou os presentes e os que participaram do processo de elaboração da obra, autores, familiares de Henrique Fontes, a vice-reitora Alacoque Lorenzini Erdmann, a bibliotecária Alvaceli Lusa Braga, o professor Fábio Lopes e a equipe da EdUFSC.

A vice-reitora falou da importância do momento, “no sentido de valorização dos nossos docentes”; “do trabalho de escrever e de fazer com que as informações sejam reconhecidas e aproveitadas pela sociedade e no verdadeiro sentido do que é uma universidade, que apresenta em sua estrutura obras dessa natureza”.

Theresinha Fontes, filha de Henrique Fontes, esteve presente e as palavras escritas por ela foram lidas por um representante. Falou da felicidade de seus parentes pela reedição dos cadernos que resultou em um livro tão “primoroso”.

Os cadernos, do acervo da família, relatam as atividades de Henrique Fontes como encarregado dos estudos para a criação da Universidade de Santa Catarina, função que exercia, gratuitamente, por nomeação do governador do estado e a sua atuação na Faculdade de Filosofia, essencial para a efetiva instalação da Universidade.

A família agradeceu a UFSC “pela  busca da verdade e da justiça”. A nova edição,segundo os familiares veio “reavivar e reafirmar a inestimável participação de Henrique Fontes no processo educacional catarinense, destacando seu protagonismo na criação desta Universidade”, sonho concretizado em 1960 e “grande ideal de nosso saudoso e querido pai”.

As testemunhas oculares da histó
ria confirmam que Henrique Fontes dedicou 28 anos à causa universitária “sempre com entusiasmo e sem esmorecimento, enfrentou dificuldades e animosidades, mas venceu graças a sua credibilidade junto aos poderes público e político e também junto aos estudantes”.

Armen Mamigonian relembrou a oportunidade em 1958, ano que chegou à UFSC, de estar diante de um verdadeiro educador. Das muitas palavras que usou para caracterizar Fontes destacou o seu “enorme otimismo em relação ao Brasil e em Santa Catarina”, “sentido de justiça”, e a “coragem de enfrentar as dificuldades e de colocar as suas ideias em funcionamento”.

Quando a UFSC completou 35 anos, em 1995, Henrique Fontes foi homenageado com um busto, instalado na Praça da Cidadania. O busto e a ação do tempo ilustram a capa do livro. Para Armen, “a homenagem foi incompleta” já que segundo ele, Fontes foi responsável pela idealização e execução do projeto.  A construção da Faculdade de Filosofia fez com que os estudantes se posicionassem pela transferência das unidades do bairro Centro para a Trindade. “Florianópolis foi pioneira em ter um campus universitário graças à visão de Fontes”.

Finalizou sua participação lembrando que é um dever da Universidade e de todos nós de discutir esses textos para não ficarem esquecidas no papel.

Marli Auras, integrante da Comissão Memória e Verdade da UFSC desde 2014, dedicou-se, juntamente com estudantes bolsistas, ao levantamento da documentação histórica de 1960, ano de instalação do golpe civil-militar no Brasil e, ao mesmo tempo, da Universidade de Santa Catarina.

A equipe teve acesso aos acervos do Arquivo Central da UFSC, da família de Henrique Fontes, do setor de obras raras da Biblioteca Universitária (BU), e do Gabinete da Reitoria. “A ocorrência de duas cerimônias de implantação da UFSC, cada uma a seu tempo, é emblemática pois aponta para a existência de algo controverso”, disse Auras. Para ela, o livro traz à tona uma discussão “que possa fazer justiça ao meritório trabalho de um grande homem”.

Por fim, leu uma frase de Henrique Fontes, retirada da apresentação de ambos os cadernos: “Verdade é e raro não é atribuir-se a um o que é de outrem, dando-lhe pensamentos que nunca lhe passaram pela cabeça, palavras que nunca proferiu e obras de que não foi operário”.

Rosiani Bion de Almeida/Agecom/UFSC