Reflexões sobre novos caminhos para as ações afirmativas
O que pensam os estudantes de graduação da UFSC sobre as cotas? Como estão as lutas do movimento indígena pela escolarização e pela sua permanência no ensino superior? Qual a geografia do espaço acadêmico e o ativismo e desempenho de estudantes cotistas negros?
Respostas no livro “Ações Afirmativas na universidade – abrindo novos caminhos”, publicado pela Editora da UFSC e organizado por Ilse Scherer-Warren e Joana Célia dos Passos. Cada um dos autores, e autoras, apresenta questões distintas, mas a conclusão deles é unânime: as ações afirmativas se constituem em instrumento fundamental para a democratização do acesso à universidade e para enfrentar o racismo.
‘Definitivamente as políticas de ações afirmativas compõem um campo de estudo que se fortalece e que expõe os cenários desafiadores que habitam o universo acadêmico, entre eles o do racismo institucional”, observa Joana Célia. “Não se aqui trata de compor um retrato das ações afirmativas na UFSC, mas, mas de contribuir para se possam conhecer os processos por que passam os estudantes negros e indígenas quando na condição de cotistas na UFSC.
O tema têm mobilizado especialistas no Brasil para a produção de pesquisas que se propõem a analisar, entre outros aspectos, os alcances destas políticas para a primeira geração de estudantes cotistas, os impactos nas universidades e os desafios institucionais para a implantação da maior política de acesso ao ensino superior da história da universidade brasileira.
Para a pesquisa teórica e documental, foi realizada, inicialmente, um levantamento bibliográfico de estudos que contemplavam a história e as interpretações dos processos de colonização e de descolonização, especialmente na América Latina; o papel dos movimentos sociais nesses processos e do ativismo estudantil em particular; e os processos de inclusão através da educação geral e universitária em particular.
“Naturalmente houve uma preocupação com a atualização da pesquisa teórica e documental no decorrer do processo já que se tratava de uma problemática inovadora e em construção no próprio tempo histórico de desenvolvimento do projeto”, explica Ilse Scherer-Warren.
No caso da UFSC, foi realizada uma pesquisa quantitativa e estatística com o objetivo de conhecer o perfil e as principais formas de interação social dos estudantes cotistas e não cotistas na instituição e em diferentes cursos representativos dos vários centros de ensino, desde o início da implementação desses programas.
Não faltou o mapeamento das organizações da sociedade civil e de suas principais lideranças com participação nos processos de inclusão social no ensino superior e na pesquisa na UFSC.
Segundo Scherer-Warren, essas foram algumas etapas que tiveram como objetivo investigar as mudanças na sociabilidade em diferentes cursos e respectivos centros de ensino, bem como nos processos de integração entre estudantes cotistas e não cotistas, e dos resultados da participação e/ou militância em associações civis ou movimentos sociais no processo de inclusão sociocultural no campus.
* Artêmio Reinaldo de Souza